quarta-feira, 30 de março de 2011

Dicotomia



Pensando no que perdi sem saber,
notei a diferença sutil de não ser...
Engraçado a melancolia surda que gritou em minhas ruínas entranhas,
então vi duas faces no espelho.
Sofri.
O que senti me diz que posso ver além dos meus reflexos e da minha história...
O que poderia ser de mim se tivesse nascido naquela família?
Agora o que vomitei está diferenciado; como se pudesse distinguir o ontem do hoje.
Entretanto, desde pequena meus dias todos parecem todos iguais...
Difícil saber que no fundo vivi tanto tempo com os mesmos sonhos, só mudaram as opções, mas e aí?
O que sobrou foi a certeza de que viverei indeterminadamente com essa angústia tão minha que sei que superpassa minha essência.
E agora que estou suspensa?
Um fio de cabelo sustenta o fio da navalha que me sustenta.
Nesse tempo todo de fantasia me esqueci de ser...
Minhas faces se encaram e tudo reflete a carência da minha gratidão...
Pelo quê?
Os que me acolheram introjetei e afaguei.
O mar fencundo secou e restou aquilo que chamam de amor...
Vozes intercalam-se entre um choro e outro.
Choro seco.
Ausência de lágrimas.
Mas choro.
Perdi.
Quero o que é meu de volta.
Tenho medo de perder-me nessa busca...

Sempre, Enne Carvalho.