domingo, 16 de outubro de 2011

Aprendemos...E como!


Realmente, tenho pensado bastante e, percebo que as palavras de Shakeaspeare são essenciais... Disse ele certa vez (imagino depois de ter lutado muito para vencer uma decepção pessoal) : " Descobre que se leva muito tempo para tornar-se a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto"... Acho que nos perdemos várias vezes durante a vida no mesmo caminho, por não saber o que fazer e o principal, COMO FAZER.
Assim decorrem-se anos, e na primazia doce e perspicaz da indecisão almejamos ter exatamente aquilo que já temos em momentos errôneos...Afinal, as vezes quando se perde se ganha e vise-versa... Vejo muita melancolia nesse não estado da consciência... E a tristeza vem, inevitável, deixamos para trás muitas atitudes infantis, que nada tem a ver com insulto - não vejo pejor na infância, MENOS UMA: A FRUSTRAÇÃO IGNÓBIL E SOBRESSALTADA possível de ser deslumbrada através de uma sincera expressão carrancuda e fechada, nada graciosa nos adultos...
Nas exigências da idade adulta, perdemos tudo que deveríamos guardar e valoramos quase tudo aquilo que não deveríamos... Perdemos, sobretudo, por não ter mais forças para ir na direção oposta, contra a correnteza, no caminho contrário... Perdemos por antecipação, pois se olhassêmos com olhares mais interessados e atentos, o que fazíamos era o certo e quem nos julgava pretendiam caminhar conosco se, não julgassem loucura por verem todos menos nós fazendo o mesmo.
É tão complexo!
Nunca gostei da unanimidade da "MAIORIA VENCE"... TOLICE!
E crescemos nos habituando com as expressões falseadas, ensaiadas num mero espelho que só mostra aquilo que queremos ver, as vezes não, mas passa-se a ser tão comum enganar-se.
Olhos tristes...
Roupas da moda na moda...
Sorrisos falsos...
Mentiras, que ganham novas conotações...
A banalidade do Ser...
A importância do Ter...
O dinheiro mediando relações...
A pequenez da alma...
A união advinda dos desastres que evidenciam a fragilidade humana...
Um trato de mediocridade...
Depois de cada um desses passos cumpridos, um a um, viramos uma linha de produção de alta escala, que ao meu ver, vai continuar acumulando-se em um galpão qualquer, porque de tão parecidos, não convencem mais ninguém...
Tenho pena, de mim, de nós, de todos...
Falo porque conheço...
Encontro-me perdida entre a nobreza da infância e as sutilezas da idade adulta...
Quando compreenderes que a Vida e o Ser Humano é dividido e inteiro sem nunca se partir e sem nunca juntar-se por completo, entenderás o mistério que nos cerca...

E.C

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Amor. Doce. Amargo. Azedo. Salgado. Amor.


Tocando Beatles.
Olhando o céu.
Lembra Eu.
Lembro Ele.
Quis dizer.
Nunca quis ouvir.
Sorri.
Minutos depois, chorei.
Quis ouvir mamãe.
Quis chamar...
Não pude.
Agora compreendi que sou somente só...Eu...só...Sozinha...
Não há nós.
Há você.
Há Um Eu dentre tantos Outros.
Dicotomia mundana.
Paradoxo divino.
Um sorriso amarelo, lençóis desarrumados...
Quatro paredes que nada escondem.
Você nasceu.
Eu morri.
Forçando sentir...
Colecionei doces arrependimentos.
E hoje, na bagagem...
Contabilizo.
Um coração à menos.
Conhecimentos à mais.
Um Ex atual.
Um refinado gosto musical.
Um fígado acidentado.
Dúvidas recorrentes.
Pouca paciência.
Um platonismo incurável.
Medos.
Satisfação.
Alguns gozos.
Menos pudores.
Uma moral de ferro.
Uma personalidade forte.
Um caráter inabalável.
Algumas dívidas.
Alguns trocados no bolso.
Uma estrela ao leste nascente.
Um pôr-do-sol atrás da cruz.
Nenhuma religião.
Vestígios de alguma religiosidade.
Manias.
E um pagamento que vale a vida.
No fim minha linda morte.
No meio minha triste vida.
No início um choro.
Nas entrelinhas, Você.
E vai tocando Beatles ...

E.

Desvanecer



Estou aqui, mais uma vez, e sei.
Sei que não te procuro alegre...
Embalada por um triste pensamento e uma dissonante canção,
narrando o que imaginei o que nós fôssemos... Percebi.
Como sou simplória.
Como sou extravagante desnecessariamente.
Olhando o meu coração notei pequenas feridas cicatrizando...
Acho que perdoei...Ódios...Rancores...Amarguras...
Convergi.
Numa centrífuga atirei o restante de mim e, o que resta-me agora
são sentimentos verdadeiramente vazios...
uma saudosa imagem inerte...
o sabor de um vinho barato...
o amargo do teu beijo...
a docilidade de um gesto...
a juventude se esvaindo...
risos abafados e distantes...
um adeus sincero...
uma criança que não nascerá...
um violão sem corda...
e um amor que desvanecerá.


E.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Dicotomia



Pensando no que perdi sem saber,
notei a diferença sutil de não ser...
Engraçado a melancolia surda que gritou em minhas ruínas entranhas,
então vi duas faces no espelho.
Sofri.
O que senti me diz que posso ver além dos meus reflexos e da minha história...
O que poderia ser de mim se tivesse nascido naquela família?
Agora o que vomitei está diferenciado; como se pudesse distinguir o ontem do hoje.
Entretanto, desde pequena meus dias todos parecem todos iguais...
Difícil saber que no fundo vivi tanto tempo com os mesmos sonhos, só mudaram as opções, mas e aí?
O que sobrou foi a certeza de que viverei indeterminadamente com essa angústia tão minha que sei que superpassa minha essência.
E agora que estou suspensa?
Um fio de cabelo sustenta o fio da navalha que me sustenta.
Nesse tempo todo de fantasia me esqueci de ser...
Minhas faces se encaram e tudo reflete a carência da minha gratidão...
Pelo quê?
Os que me acolheram introjetei e afaguei.
O mar fencundo secou e restou aquilo que chamam de amor...
Vozes intercalam-se entre um choro e outro.
Choro seco.
Ausência de lágrimas.
Mas choro.
Perdi.
Quero o que é meu de volta.
Tenho medo de perder-me nessa busca...

Sempre, Enne Carvalho.